sábado, 22 de novembro de 2025

22nov2025 - A China como ela é de verdade

 A propaganda diz que a China é o futuro. A vitrine brilha, os arranha-céus sobem, os drones dançam no céu, e o Ocidente se encolhe de medo. Mas basta virar a esquina da fantasia para ver a China real, a China que não aparece nas fotos oficiais nem nos documentários pagos por Pequim. A China profunda, rural, invisível, onde o “milagre econômico” nunca chegou.

Enquanto a elite desfila nos centros urbanos com celular de última geração e carro elétrico subsidiado, milhões de crianças no interior mal conseguem ler a lousa porque não têm óculos. Problema de visão? Sim. Óculos? Não. Estado onipresente? Só quando é para vigiar. Para cuidar, some. Em muitas regiões, a diferença entre estudar e não estudar é simplesmente enxergar. E eles não enxergam.

Aí vem a desnutrição, silenciosa como tudo que o regime prefere ignorar. A criança não come o suficiente, não se desenvolve o suficiente, não aprende o suficiente, mas o governo garante que “está tudo sob controle”. Controle é a única palavra que a ditadura conhece. Desenvolvimento humano? Não dá retorno político. Não aparece no QR code do crédito social. Não rende discurso internacional.

E as infecções intestinais, comuns em áreas rurais, continuam drenando a energia de quem já nasce sem energia nenhuma. Você não verá esse cenário no TikTok chinês. Não verá na propaganda de Xi Jinping. Não verá no feed polido dos influenciadores pagos para dizer que a China é perfeita enquanto enfrentam fome no interior. O país que monitora cada passo de seus cidadãos não consegue — ou não quer — resolver o básico: dar comida, visão e saúde às crianças.

A China ainda está a anos-luz de superar o Ocidente em qualidade de vida. Ela só supera o Ocidente naquilo que regime autoritário sabe fazer: censura, vigilância e controle total da população. Nisso, sim, são campeões mundiais.

O que não aparece nos telões oficiais é que o “paraíso socialista moderno” tem crianças que mal enxergam, mal se alimentam, mal aprendem, mal vivem. Mas claro, para a propaganda estatal tudo está indo “melhor do que nunca”. A miséria só existe quando interessa culpar o capitalismo. Quando acontece dentro do regime, vira “desafio estratégico”.

Enquanto isso, os porta-vozes do regime seguem repetindo o mantra de que a China já ultrapassou o Ocidente. Ultrapassou onde? Em vigilância facial? Em censura digital? Em prisão política? Nesse quesito, realmente não tem comparação.

O problema é que, por trás das luzes artificiais de Xangai, vive um país que ainda não conseguiu garantir o mínimo para suas crianças. E um regime que não consegue proteger nem seu futuro, não tem moral nenhuma para ditar o futuro do mundo.

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